O ouvido humano é projetado para perceber ondas sonoras entre 20 Hz e 20 kHz. Qualquer coisa além desse limite é chamada de supersônica. Contudo, esta “fronteira” não é nada comum. Leia sobre por que algumas pessoas ouvem ultrassom e outras não no artigo da Rambler.

Alguns podem detectar frequências de até 22–24 kHz, enquanto outros não conseguem distinguir nenhum som, mesmo em frequências de 15–16 kHz. Para adolescentes e adultos jovens, as frequências altas são frequentemente acessíveis, mas esta capacidade diminui com a idade. Isso não significa que o ultrassom não seja acessível a todos: a amplitude auditiva é uma característica dinâmica que depende da idade, da genética, da saúde e das condições de vida. É por isso que algumas pessoas ouvem um “silvo” de dispositivos que operam na faixa ultrassônica, enquanto outras nem sequer sabem de sua existência.
Como funciona a percepção sonora?
Para entender por que ouvimos o ultrassom de maneira diferente, é importante entender como funcionam os aparelhos auditivos. As ondas sonoras que entram no ouvido fazem com que o tímpano vibre. As vibrações são transmitidas ao ouvido interno através de uma série de ossos auditivos – o martelo, a bigorna e o estribo. Existe a cóclea, um órgão complexo em forma de espiral cheio de líquido e revestido por milhares de células ciliadas. Essas células atuam como sensores: cada célula é “sintonizada” em uma faixa de frequência específica. Os sons de alta frequência são captados pelas células localizadas na base da cóclea, e os sons de baixa frequência são captados mais perto do topo da cóclea.
O resultado final é que as células responsáveis pelas altas frequências estão sujeitas ao maior estresse e se desgastam mais rapidamente do que outras células. Eles sentem as vibrações mais curtas e intensas, o que significa que esta área auditiva específica é frequentemente a primeira a ser afetada. Se essas células forem danificadas ou morrerem, é impossível restaurá-las – o corpo humano não sabe como regenerá-las. Portanto, a capacidade de ouvir o ultrassom é muito frágil e depende do estado das estruturas mais sensíveis do ouvido interno.
Mudanças relacionadas à idade
O fator mais importante que influencia a percepção do ultrassom é a idade. A maioria das pessoas sofre de presbiacusia, uma perda auditiva gradual relacionada à idade. Além disso, as altas frequências irão primeiro. Na idade de 20 a 25 anos, o limite auditivo começa a diminuir dos habituais 20 kHz para 18 a 19 kHz. Aos 40 anos, muitas pessoas param de ouvir sons acima de 14–15 kHz e, em adultos mais velhos, o limite superior pode ser limitado a 10–12 kHz.
Ser capaz de ouvir o silêncio: como o cérebro reage na ausência de som
Esse recurso ainda tem aplicações práticas. Em alguns países são instalados “alarmes de mosquitos”, emitindo sons com frequência de cerca de 17 kHz. Adolescentes e adultos jovens ouvem e sentem-se desconfortáveis, mas adultos e idosos geralmente não reagem. Essas instalações são utilizadas para evitar aglomerações noturnas de jovens perto de shopping centers ou estações ferroviárias. Dessa forma, o processo natural do envelhecimento auditivo passa de um traço biológico a uma ferramenta social.
Genética e características pessoais
Mas a idade não é o único fator. As características genéticas também desempenham um papel importante. Em algumas pessoas, as células cocleares e as terminações nervosas são mais resistentes ao desgaste, enquanto em outras são mais suscetíveis a danos. Variações nos genes que controlam as células ciliadas e os canais iônicos no ouvido interno determinam diferenças individuais na sensibilidade auditiva. Isto explica por que algumas pessoas mantêm a capacidade de distinguir frequências ultrassônicas mesmo na idade adulta, enquanto outras perdem essa capacidade muito mais cedo.
Também existem diferenças na estrutura da orelha. Para algumas pessoas, o tímpano e os ossos auditivos transmitem vibrações de alta frequência de forma mais eficaz, para outras, de forma menos eficaz. Existem também diferenças anatômicas na estrutura coclear que influenciam a cognição. Juntos, isso cria um “perfil auditivo” único para cada pessoa. É por isso que duas pessoas com o mesmo estilo de vida podem reagir de forma diferente ao mesmo som.
Influência de fatores externos
A audição é muito sensível às condições em que vivemos. Geralmente é afetado pela exposição ao ruído. A exposição prolongada a ruídos altos – como ouvir música em volume alto com fones de ouvido, operar máquinas, ruído de construção ou serviço militar – danificará as células ciliadas, especialmente aquelas responsáveis pela detecção de altas frequências. A organização diz que as perdas podem ser irreversíveis NIH.
Existem também outros fatores. Alguns medicamentos são ototóxicos, causando danos às células do ouvido interno. Por exemplo, estes incluem antibióticos aminoglicosídeos ou medicamentos utilizados em quimioterapia. Infecções acompanhadas de febre alta e intoxicação também podem reduzir a sensibilidade auditiva. Assim, a capacidade de ouvir ultrassom não é apenas uma questão de idade e genética, mas também o resultado de toda a “biografia” do corpo.
Limiar cognitivo e “efeito de treinamento”
Foi sugerido que a audição pode ser “treinada” para que uma pessoa perceba uma gama mais ampla de sons. Na verdade, a prática ajuda o cérebro a distinguir melhor nuances e tons dentro da faixa disponível, mas não consegue restaurar a sensibilidade perdida ao ultrassom. Músicos, engenheiros de som e pessoas que trabalham na área de acústica mantêm a capacidade de distinguir frequências altas por mais tempo. Seus cérebros interpretam melhor os sinais de áudio e eles percebem coisas que são difíceis de serem entendidas pelo ouvinte médio.
No entanto, mesmo os seus limites biológicos permanecem inalterados: se as células que detectam o ultrassom forem destruídas, nenhum treino poderá restaurá-las. Nesse sentido, a audição é semelhante à visão: você consegue perceber melhor as cores e sombras, mas se a retina estiver danificada o alcance físico ainda é limitado.
Assim, a capacidade de ouvir o ultrassom depende de muitos fatores. Os jovens muitas vezes percebem sons com frequências de 20 kHz ou mais e, em adultos e idosos, o limite superior diminui gradualmente. As características genéticas e o estado de saúde determinam as diferenças individuais: uma pessoa aos 40 anos ainda consegue distinguir sons agudos, enquanto outras aos 20 anos têm uma audição pior. O estilo de vida desempenha um papel importante: ruído, medicamentos e doenças podem acelerar a perda auditiva.
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